Taça fraqueja com rugido do leão
Micah Downs manteve a calma e fez a festa vencendo o jogo para o Sporting da linha de lance livre.
As surpresas só se dão no final da festa e foi a pensar nisso que Moncho e Luís Magalhães fizeram os cinco iniciais do último e decisivo encontro da época. O treinador dos leões abdicou de Ventura e lançou Shakir Smith, Travante, Ellisor, Micah Downs e Fields para começar o jogo. Ao contrário do treinador português que não fez alinhar nenhum compatriota no princípio do duelo, o técnico galego do Porto apostou em Miguel Queiroz para fazer companhia a Eric Anderson no jogo interior, fazendo-se acompanhar dos já costumeiros Tinsley, Nevels e Gordon.
Moncho deu o brinde e o Sporting aproveitou, mesmo com um reforço de jogadores interiores os azuis e brancos não conseguiram parar Fields e o treinador dos dragões foi rápido a dar um passo atrás e a voltar ao 5 que mais garantias lhe tem dado, trocando Riley com o capitão portista e único português no jogo. A entrada do astuto e ágil base em campo inclinaram o jogo a favor dos dragões que rapidamente fizeram um parcial de 8-0 que os deixou a vencer apenas por 3 pontos. Até final do 1º quarto Luís Magalhães deu inicio à rotação e com Cláudio Fonseca e João Fernandes (8pts e 4rst) em campo os leões voltaram a dominar o encontro terminando a vencer 22-20 quando os jogadores voltaram aos bancos.
Do banco os jogadores vieram mais frescos e após um reinício mais tímido os “dj’s” do banco começaram a passar a música que queriam. O primeiro set foi de Moncho Lopez que pediu um timeout que se traduziu num parcial de 8-0 e numa defesa à zona que o Sporting não conseguiu penetrar. Depois a música que se fez soar foi o rugido do leão que após um desconto de tempo de Luís Magalhães voltou a igualar o encontro apostando também numa defesa que não ao homem (exceção feita a Riley). Mesmo com estas alterações as defesas nunca se superiorizaram ao ataque o que se traduziu em muitos triplos convertidos, especialmente pelo Porto e do lado adversário era Fields (9pts, 5rst e 3ast) quem continuava a dar muitas dores de cabeça aos dragões.
As duas equipas iam para intervalo com um 51-47 que evidenciava o equilíbrio constante deste jogo decisivo.
No regresso ao João Rocha foi a equipa da casa quem voltou a mostrar um maior arsenal ofensivo que só seria parado com novo timeout de Moncho que encaminhou os dragões para (também novo) parcial de 8-0.
O equilíbrio manteve-se a palavra do jogo no restante do 3º quarto e à chegada ao período das decisões era o Sporting quem levava a dianteira mas não por muito (68-63).
Impulsionados por um quase irrepreensível Nevels (29pts, 5rst, 2ast e 3 roubos de bola e 6/8 de 3pts) os visitantes foram-se acercando no resultado e a 4 minutos do fim da época, Brad Tinsley (11pts e 5ast) que também fez um jogo como já nos habituou, voltou a colocar o Porto na frente do marcador. Numa altura em que tudo parecia encaminhado para a vitória dos comandados de Moncho Lopez, que Riley teve a oportunidade de sentenciar da linha de lance livre, o base portista não correspondeu às expectativas e acabaria por falhar a oportunidade de colocar o Sporting a três pontos de distância. Mas a linha de lance livre queria mesmo ser protagonista e foi daí que após cerca de 17 segundos – e depois de 2 pontos convertidos por Shakir Smith, uma falta de Anderson e uma técnica averbada ao treinador galego (que não reagiu bem à decisão de arbitragem) - Micah Downs acabou coma festa (e prolongou os festejos).
Volvidos 39 anos o Sporting volta a subir ao Olimpo do basquetebol português e a conquistar um título mais que merecido após um campeonato bastante regular e uns playoffs de sonho, culminados com a vitória frente a um honroso derrotado.
SANGUE FRIO
Os grandes jogadores decidem mesmo com pressão, Riley tremeu da linha de lance livre, Gordon acobardou-se com a bola nas mãos, no outro lado, Shakir soube encestar, Ellisor não temeu e Micah Downs não precisou de rezar ao Senhor que leva tatuado no seu braço esquerdo.
O LEGADO CONTINUA
4 anos depois, centenas de quilómetros a sul e passada uma pandemia, Travante (21pts, 3rst e 8ast) e Ellisor (11pts, 2rst e 1 ast) continuam a fazer o que melhor sabem desde que chegaram a Portugal para jogar em Oliveira de Azeméis, conquistar títulos. É o terceiro dos americanos que voltaram a ser figuras de destaque, o primeiro foi MVP e o segundo mesmo num dia menos inspirado apareceu no momento decisivo.
NINGUÉM ARREDA PÉ
Tinha dito após o último jogo que o campeonato seria discutido até ao ultimo segundo, pois, parece que não agoirei e o Micah Downs também já devia ter jantar marcado porque nem quis forçar o prolongamento que decerto saberia bem aos amantes do desporto.
fotos do Twitter da Federação Portuguesa de Basquetebol
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